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O Comum dos Mortais

Autor: Augustina Bessaa-Luís

Editora: Guimarães Editores

Sinopse:

Dizer que Mazarino era medíocre é talvez, ou seguramente, um exagero. A política externa, durante a guerra, foi uma política pessoal que, na realidade, determinou um corte com o passado. Comparavam-no (era Adriano Vaz quem o comparava) a Luís XVI, que encontrou com uma política de tábua rasa depois do desaparecimento dos homens eminentes que tinham governado e feito a História da França. O único homem que Mazarino verdadeiramente temia era Afonso Costa, pela grandeza da sua hostilidade às instituições. Mas ele não voltara a Portugal porque, provavelmente, o bem-estar duma capital grandiosa o dissuadia duma política suspeita e do atraso dum país desordeiro.

Fora essa política suspeita que Mazarino herdara e que lhe pediu iniciativas imediatas. Não reatava uma série de acontecimentos e fechava as portas que se tinham entreaberto, a da democracia e a das liberdades, que são a base dos princípios políticos autorizados pela tradição. Mazarino não era tão afeiçoado às tradições como se pensava. O seu temperamento retraído fazia-o ter má opinião de toda a gente. Mais tarde ou mais cedo, os amigos sofriam qualquer desgosto e viam-se relegados para lugares cada vez mais impróprios; até que, por própria iniciativa, se afastavam, levando com eles as ambições desgastadas pelos repetidos adiamentos.