Autor: Ana Cristina Silva

Editora: Planeta

Sinopse:

Quem foi a mulher que mais subiu na hierarquia da PIDE e o que alimentava a sua extrema crueldade? Maria Helena viveu com deleite as suas noites em Caxias, como agente e torturadora. Dentro das celas, o seu coração exultava a casa bofetada e insulto proferido. Embora viesse a esquecer o nome da maioria das detidas, lembraria com prazer a sua expressão de terror. De Laura, curiosamente, nunca se esqueceu. Sempre questionou de que fibra seria feita a jovem alentejana que nunca vergou perante pancada e insultos. Quando ambas se reencontram em tribunal, tudo mudou. Mas as feridas da ditadura jamais se apagarão.

«Laura tinha ouvido a agente mais nova chamar à outra “Leninha”. Um nome doce e carinhoso para uma mulher excessiva na voz e nos gestos, com um surpreendente cabelo ripado e dedos cheios de anéis. Leninha fixou-a com ar de extremo gozo e disse-lhe: “És uma cabra e não és uma vaca porque não tens físico para isso!” Não desviou os olhos da jovem para avaliar o efeito das suas insultuosas palavras. Algures dentro de Laura, o medo perdeu-se do seu caminho. Perante o olhar abismado de Leninha, e como se alguém o tivesse sussurrado, respondeu: “Mas tens tu.” A partir desse momento, soube que não a quebrariam.»