Autor: Luigi Guarnieri

Editora: Presença

Sinopse:

Quem são os amantes retratados em A Noiva Judia, um dos quadros mais misteriosos de Rembrandt? O que tão enigmaticamente nos atrai nesta penumbra dourada onde se destaca o vermelho do vestido- luz e sangue? Talvez um íntimo sobressalto pela audácia do delicadíssimo gesto das mãos enlaçadas sobre o peito da mulher? Ou o desafio que atravessa os séculos atingindo aqueles que o completam com o mesmo inefável arrebatamento? Guarnieri serve-se de um registo histórico-narrativo duplo, utilizando os seus recursos estilísticos para criar a sua própria obra, onde as frases se metamorfoseiam em imagens, tintas e texturas, luzes e sombras. A forma como as duas histórias se entrecruzam cheia de paralelismos e surpreendentes afinidades, é magistralmente elaborada pelo autor. O enredo inicia-se nos anos 80 do século XX, em Paris, onde chega Leo, um italiano aspirante a escritor, falido e sem ideias, descabelado e extravagante. A sua personalidade neurótica assenta num aparentemente insanável problema com as mulheres. Então, conhece a intrigante Rebecca Lopes Costa, de uma beleza evanescente e olhos febris, que lhe conta que há sete anos tenta reconstruir a identidade das personagens do quadro, convencida de que se trata de um casal contemporâneo de Rembrandt. Ela seria Abigail Lopes da Costa, uma antepassada sua, mulher de uma grande erudição e beleza, atormentada por uma desconhecida doença tropical, e ele, o seu medico Epharaim Paradies, um sefardita português que viria a ser expulso da comunidade hebraica portuguesa de Amesterdão, por heresia e conduta escandalosa. Para Rebecca, eles são os actores de uma historia de amor sublime e desesperada. Remmbrandt teria encontrado neles a forma de imortalizar, através da arte, o absoluto inatingível do amo humano, efémero, inacabado com a impressão que o desenho na tela nos transmite.